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A sensualidade inocente das pin-ups

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Nathalia Ilovatte/ Fotos: Juliana Barros e Reprodução/ Ilustração: Gil Elvgren

A sensualidade inocente das pin-ups
















A indiscrição "sem querer" de uma saia que sobe com o vento ou de um decote que revela mais do que o desejado já foi a arma feminina para romper com antigos tabus machistas, em uma época em que mulher direita era só pudores e afazeres domésticos.


Conhecidas por pin-ups, as garotas desenhadas em pôsteres e calendários e, posteriormente, fotografadas e filmadas, povoaram o imaginário masculino da década de 30 até os anos 60, ao menos em sua forma tradicional. Embora criadas por desenhistas do sexo masculino, as mulheres curvilíneas e em trajes parcialmente reveladores fazem parte da história da liberação sexual feminina, e se tornaram uma saída àquelas que desejavam mudar o papel feminino na sociedade da época, mas sem cair no radicalismo das feministas que acabaram, voluntariamente ou não, por criar uma imagem muito rígida.

A pin-up mais famosa é, sem dúvida, Marilyn Monroe. Quem não conhece a clássica foto da loira em um vestido branco esvoaçante que levantou por causa do vento, e as personagens bobinhas e românticas que ela interpretava no cinema? Essa é a sensualidade quase que desproposital das pin-ups.

Atuais - Quem acha que as pin-ups deixaram de existir quando o erotismo leve perdeu lugar para a pornografia e porque não há mais o que liberar na vida sexual feminina, se enganou. Em tempos de mulheres frutas, as pin-ups clássicas são como um retorno à inocência ou aos tempos em que o corpo feminino não era banalizado (embora isso seja relativo). Mostrar delicadamente a perneira da cinta-liga é provocante, sexy, mas muito mais sutil do que exibir toda aquela vasta gama de partes femininas que se pode encontrar nas revistas para o público masculino hétero.

Prova de que as pin-ups ainda existem são as cabeleireiras Ana Beatriz Azevedo Braga e Cristina Helena Louzada Braga, ambas de 20 anos. Elas se identificaram com a essência das pin-ups durante a adolescência e incorporaram o estilo: saia godê de bolinha, cintura alta, batom vermelho, topete e cabelos levemente ondulados, tipicamente garotas sexies e inocentes da década de 50.

A paixão pelo estilo e a dificuldade de encontrar cabeleireiras, que as ajudassem a se arrumar, motivaram as duas amigas a fazer um curso e se tornar as únicas hair stylists de Santos especializadas em cortes e penteados retrô. "Comecei o curso de cabeleireira para cortar o meu cabelo. Não achava quem entendesse o que eu queria e soubesse fazer", explica Bia.

Essência - Ser pin-up não é só usar saias de bolinhas e cabelos à la Bettie Page. Aliás, essa é a parte mais fácil, e as meninas contam que há quem adote as roupas e penteados só para fazer tipo. "Tem gente que chega a ser escrachada! Algumas garotas de revistas de tatuagem, por exemplo, levam para o lado vulgar. Ou mesmo a Mulher Melancia, que posou para uma revista masculina e foi descrita como a pin-up brasileira. Nada a ver!", critica Bia.

Como todo momento da moda, o estilo pin-up de se vestir é parte de um comportamento que influencia não só roupas e cabelos, mas também uma maneira de agir e pensar, e foi por isso que Cris e Bia se identificaram. Elas se descrevem como românticas, daquelas que preferem namorar a se enrolar com um cara diferente a cada fim de semana. Cris faz a linha delicada e, segundo Bia, é toda mulherzinha, daquelas que cuidam da casa e cozinham bem. Já Bia é ingênua e meio desastrada, bem o tipo cuja saia levanta sem querer. Como dá para perceber, bem diferentes da sensualidade óbvia e escancarada das mulheres fruta e das periguetes.

Fonte:  http://www.jornaldaorla.com.br/

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